domingo, março 13, 2016

DA SÉRIE: “MINHA VIDA COM A SOCILA”


- Quem é essa mulher?
- Quem?
- Aquela ali, em pé no palco com uma bengala na mão.
- Bengala, que bengala?

Quem seria aquela mulher, com uma bengala na mão, conduzindo as misses na passarela do Maracanãzinho lotado? Seu nome é Maria Augusta Nielsen, que resumia sua vida numa frase: “Fui a fada madrinha de muitas Cinderelas.”

Maria Augusta Nielsen, comandou e dirigiu as misses na passarela do Miss Brasil de 1956 até 1976, quando então se retirou. Em suas lembranças a coisa que ela achava mais engraçada eram as mães das misses, que em muitos casos, mais atrapalhavam, que ajudavam seus rebentos. Conta que um problema sério era o assédio masculino, à época chamados de “gabirus”. A virgindade era um tabu, e se suspeitassem, que uma miss teve uma aventura, ela era carta fora do baralho.

No início da década de 60, Maria Augusta lembra que recebeu uma vaia homérica por ter advertido uma miss que ficou mandando beijinhos para a platéia, o que era proibido pelo certame, em várias situações teve que sair escoltada pela polícia, pois as pessoas achavam que ela era a culpada pela derrota das candidatas.

A carreira de Maria Augusta começou quando ela tinha 16 anos, no início da década de 30, numa casa chamada M.C.Modas. Seu pai morreu nessa época, ela era a mais nova de seis filhos.
Quando quis desfilar, as próprias irmãs achavam que aquilo não era para moças de família, mas sua mãe a apoiou e ela foi em frente...
Estudou em Nova York, na “Lucky” e no “Powers School”, para aprender o que se passava nos mais famosos cursos de comportamento.
Casou-se em 1948, com o ator Jardel Filho, que morreu em 1983. Dele Maria Augusta diz que era um homem encantador, mas como todo artista, um pouco difícil. Ficaram casados por cinco anos e depois de separados, continuaram sendo grandes amigos.
Em 1953, Maria Augusta Nielsen funda a SOCILA - Sociedade Civil de Intercâmbio Literário e Artístico. Os moldes de funcionamento eram americanos, na base do “hei de vencer”.
A SOCILA era uma escola para modelos, na época uma profissão malvista. Ela diz: “com o fechamento dos cassinos por Getúlio Vargas, os desfiles foram invadidos pelas coristas desempregadas, as moças bem nascidas, que até então faziam esse trabalho, se retiraram.”
Ela queria criar modelos de classe e brasileiras. A primeira brasileira que Maria Augusta Nielsen preparou foi a cearense Florinda Bulcão (Bolkan), logo depois veio Ilka Soares.
Maria Augusta diz que teve muita sorte, quando Sarah Kubitschek a procurou para ensinar postura às suas filhas, ganhou página inteira do jornal “O Globo”.
A SOCILA virou uma coqueluche, mas legalmente não tinha ainda como enquadrar sua atividade. Isso só aconteceu em 1957, quando Juscelino Kubitschek criou uma lei regulamentando os cursos profissionalizantes.
Maria Augusta cita como sua “Cinderela-Mor”, a modelo Josepha, que era doméstica, e aprendeu tudo com Maria Augusta. Anos depois, já trabalhando na Itália, casou-se com um príncipe italiano. “Pigmaleão Redivivo" ou "My Fair Lady Encantada".
Maria Augusta casou-se novamente, separou-se, não teve filhos e depois de treze anos afastada da SOCILA, que vendeu para um sócio voltou a trabalhar na mesma escola que criou. A última notícia sobre Maria Augusta que li, foi do “Diário on line” e diz: “O cineasta Anselmo Duarte Jr. vai resgatar a importância de Maria Augusta, criadora da Socila, responsável por cursos de etiqueta social e formação de modelos até os anos 70 (fora preparação de misses nos antigos concursos), num documentário.
Ela não gostou de como a minissérie da Rede Globo, JK, conduziu sua personagem - interpretada pela atriz Mila Moreira -, por achar que não tinha absolutamente nada a ver com sua personalidade, dizendo inclusive que a personagem Maria Alice, que teria sido inspirada nela, tem hábitos morais muito duvidosos; embora tivesse sido procurada pela produção da Rede Globo e dado muitas entrevistas sobre aquela época; sobre sua própria vida e de todas as mais importantes personalidades daquele tempo mágico, com quem ela conviveu.

Hoje, Maria Augusta Nielsen, falecida em 2009, continua sendo uma lenda do ensino de classe para moças de fino trato.

Extraido de www.missesemmanchete.blogspot.com.br/2007/05/maria-augusta-nielsen-fada-madrinha-das.html
Fontes: Revista “Caras”, “Manchete” (nº 967, de 01 de novembro de 1970-reportagem: "Se Maria Augusta falasse”, com texto de Eugênia Fernandes e fotos de Antônio Rudge e Realidade- reportagem: ”Pobre Menina Miss”.
Fotos: 1 - Revista Caras e 2, 3 e 4 - Revista Manchete.
POSTADO POR RAIMUNDO BARBOSA JUNIOR ÀS 10:25 
MARCADORES: DIVERSOS
 
      
Descrição: Maria Augusta Nielsen e Juscelino Kubitschek



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